Neste primeiro evento especial da Run Squad OPO tivémos a colaboração especial da Porto Running Tours, com um percurso preparado ao pormenor e 3 histórias que serviram de mote a um bom treino de Domingo nas ruas e vielas do miolo histórico da cidade do Porto! Às 10:05 deixámos a Trindade em direcção a Sta. Catarina. A missão desta manhã consistia em percorrer o centro da cidade, seguindo à boleia das histórias de vida de um famoso escritor, que no Porto escreveu algumas obras no estilo romântico... aliás, Ultra-Romântico! No cruzamento da rua Passos Manuel (Coliseu) com a rua de Santa Catarina, a dois passos do Majestic, o pequeno carrilhão acima da FNAC toca de 3 em 3 horas, de dia, e revela 4 figuras históricas tão relevantes para a cidade: Almeida Garret, S.João, o Infante D.Henrique e o personagem de Camilo Castelo Branco, sobre o qual se centrou a visita guiada. Falámos da carreira do escritor, do seu extenso currículo amoroso, também do seu cadastro criminal... de quem o colocou na prisão e de quem o tirou de lá... Visitámos pois os espaços da cidade que Camilo Castelo Branco frequentou, voluntária e não voluntariamente, bem diferentes hoje em dia alguns, daquilo que eram na segunda-metade do séc.XIX. Como actualmente, com gruas metálicas a cada esquina, e à semelhança de 2001 e da Capital Europeia da Cultura, o Porto era naquele tempo um autêntico estaleiro a céu aberto. Passou por uma enorme transformação urbana na década de 60 de 1800's e a mesma prosseguiu nas décadas seguintes. No espaço de 15 anos, entre outros feitos, o Porto inaugurou uma colossal Alfândega, construída sobre o Douro e uma praia fluvial, e ergueu o surpreendente Palácio de Cristal e os seus extraordinários jardins e que albergou a Exposição Internacional de 1865. Fachada do Palácio de Cristal, cuja primeira pedra foi lançada por D.Pedro V em 1861. Viria a ser inaugurado por D.Luís em 1865 e foi palco de centenas de exposições e mostras industriais, comerciais, eventos culturais entre outros. Foto: página FOTO PORTO Massarelos tem ligação aos jardins do Palácio de Cristal pelos chamados "caminhos do Romântico", vielas tortuosas em pedra, ladeadas de muros altos, que davam acesso às quintas de Ingleses que aí se haviam estabelecido, afastados do bulício industrial e mercantil de meados do séc.XIX Esse foi um século em que a cidade abriu ruas, praças e construiu edifícios, como o Hospital Militar, rasgou avenidas como a Avenida da Boavista e a Alameda de Massarelos. Entre 1864 e 1900, o Porto duplicará a sua população, com gente que vinha sobretudo do entorno rural, do Douro e do Minho, mas também de Espanha, de Inglaterra e com muitos portugueses regressados do Brasil, agora com o bolso cheio. As mudanças na cidade foram tão profundas quanto havia sido a mudança de paradigma político na década de 30 anterior, pela ocasião da guerra civil que opôs D. Pedro IV e o seu irmão D.Miguel. O casamento de D.João I com Filipa de Lencastre, em Fevereiro de 1387, representado num painel de azulejos de Jorge Colaço, presente no átrio de entrada da Estação de S.Bento. Num súbito (mas enorme) salto de 450anos, ainda trocámos ideias sobre Filipa de Lencastre, aliás Philippa de Lancaster, que conheceu e casou com D.João I em circunstâncias muito pouco românticas mas cujas festividades decorreram no Porto, exactamente no mês de Fevereiro e com início no dia 14, dia em que celebramos S.Valentim, e talvez o romantismo, se algum sobrar em nós depois das horas na fila a comprar as flores, os presentes,... A data: 7 de Fevereiro de 1835. O ato da entrega do coração imperial à cidade Invicta está reproduzido, na base da estátua equestre de D. Pedro IV no Porto. Lá está fielmente reproduzida a cena: o então presidente da Câmara, Dr. Vicente Ferreira Novais, acompanhado da vereação, todos de luto pesado, recebe a urna com o coração de D. Pedro IV, das mãos do coronel Baltasar de Almeida Pimentel, amigo pessoal do ex-rei de Portugal e ex-imperador do Brasil. O Romantismo (essa 'epidemia' do sec. XIX!) levou-nos mais para o final a falar em D.Pedro IV, da sua energia e impulsividade, das suas aventuras amorosas - teve 19 filhos, mais 5 que o seu irmão D.Miguel - e o seu amor pela cidade, este monarca que na verdade foi o último grande herói romântico Português (conhecem mais alguém que tenha colocado o seu coração à guarda do povo de uma cidade??!!) Em cima: o claustro interior e a fachada exterior do desaparecido Mosteiro de S.Bento de Avé-Maria onde se promoviam os "abadessados" que chegavam a durar 3 dias e 3 noites, frequentados por Camilo Castelo Branco enquanto estudante de medicina na década de 40 do séc.XIX. Nestas 'tertúlias' promovidas pela Abadessa, os poetas da cidade ofereciam poemas às monjas em troca de doces e vinho fino. E não só... :) Em baixo: o cais de embarque da Estação de S.Bento que tomou o lugar do Mosteiro, após este ter sido demolido em 1892. O Romantismo em 2019 poderá não estar no seu auge ( até porque o Tinder não deixa pedra sobre pedra...!) mas na cidade do Porto os vestígios desta corrente das artes e da arquitectura são reais e bem visíveis. Enquanto não surge a segunda edição desta visita guiada sobre o amor - ela vai surgir! - onde voltaremos a visitar monumentos e correr em jardins românticos da cidade, podem ainda inscrever-se na missão do próximo Domingo, visita guiada em corrida em que vamos falar essencialmente de vinho e de contestação : "A revolta dos Taberneiros" As inscrições são gratuitas mas obrigatórias, aqui: MEETUP
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Novembro 2020
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